Archives for August 2011

DESCULPAS

Porque não?

“Porque não?” esta foi a primeira coisa que ele disse. Ele nunca me tinha visto antes. Eu não disse uma palavra. “Porque não?” Soube que me tinha apanhado!

Eu levantei as desculpas: “a minha mulher... as pessoas com quem trabalho... não tenho tempo... Talvez seja o meu feitio...”

Havia uma espada pendurada na parede. Ele tirou-a e deu-ma.

"Aqui tens, com esta espada consegues ultrapassar quaisquer barreiras” Peguei nela e esgueirei-me sem dizer uma palavra.

De volta ao meu quarto, da estalagem, sentei-me e continuei a olhar para a espada. Eu sabia que o que ele me tinha dito era verdade.
Mas, no dia seguinte, devolvi-lhe a espada.

Como posso viver sem as minhas desculpas?

in The monk Theophane
http://www.spiritual-short-stories.com/spiritual-short-story-621-Excuses.html

Vim porque me pagavam

Chegou-me por uma amiga no Facebook, não conhecia, invadiu-me na frontalidade e arrasou com qualquer preconceito que se possa ter...  os refugiados, emigrantes e imigrantes não são nem ignorantes nem vêm ou vão à procura do paraíso na terra, vêm ou vão porque lhes pagam e porque precisam de ajuda, muitas vezes, apenas, para sobreviver.

Golgona Anghel é romena, mas escreve em Português. Poesia.
Os versos que se seguem estão no seu segundo livro, recentemente publicado.

VIM PORQUE ME PAGAVAM

Vim porque me pagavam
e eu queria comprar o futuro a prestações.
Vim porque me falaram de apanhar cerejas
ou de armas de destruição em massa.
Mas só encontrei cucos e mexericos de feira,
metralhadoras de plástico, coelhinhos de Páscoa e pulseiras
de lata.

A bordo, alguém falou de justiça
(não, não era o Marx).
A bordo, falavam também de liberdade.
Quanto mais morríamos,
mais liberdade tínhamos para matar.
Matava porque estavas perto,
porque os outros ficavam na esquina do supermercado
a falar, a debater o assunto.Com estas pernas subi dez andares
para assim te poder olhar de frente.
Alguém se atreve ainda a falar de posteridade?
Eu só penso em como regressar a casa:
e que bonito me fica a esperança enquanto apresento em directo
a autópsia da minha glória.

GOLGONA ANGHEL, in VIM PORQUE ME PAGAVAM (Mariposa Azul, 2011)

Senhor, que conheces o mais profundo do meu coração e me amas, peço-te a graça da disponibilidade e da acção do Espírito em mim.

Faz com que cada dia me deixe purificar de tudo o que me fech

a no meu egoísmo,
e impede o meu caminho até à liberdade de filho de Deus.
Ajuda-me, Senhor, para que os meus olhos se façam misericordiosos

e não suspeitem nem julguem ninguém pela sua aparência,mas aprendam a ver a beleza do coração do irmão.

Ajuda-me, Senhor, para que o meu ouvido se faça misericordioso
Ajuda-me, Senhor, para que a minha língua se faça misericordiosa e tenha palavras de consolo.
Ajuda-me, Senhor, para que as minhas mãos se façam misericordiosas e cheias de boas acções...
Ajuda-me, Senhor, para que o meu coração se faça misericordioso, e possa sentir o sofrimento dos nossos irmãos.
oração para os refugiados in blogCVX de VALLADOLID

MAGIS 2011: Experiência desafiante e internacional dos jesuítas

...“Internacionalidade”, “desinstalação” e “oração sobre o vivido” são de facto os 3 pilares sobre os quais se pensaram as 3 experiências acima, a par de muitas outras - num total de 100 - que acontecerão espalhadas um pouco por toda a Península Ibérica (e ainda sul de França e norte de Marrocos) nos dias anteriores às Jornadas. Serão experiências internacionais pois cada grupo terá 25 participantes de 3 ou 4 países diferentes (vindos desde Taiwan ao Chile, num total de mais de 50), o que permitirá o contacto e a partilha próxima e permanente durante os dias da atividade. Serão experiências desafiantes porque o “sair das zonas de conforto” obrigará os participantes a crescer na flexibilidade e na capacidade de adaptação, seja qual for o seu tipo (havendo 6 tipos diferentes de experiências: peregrinação, ação social, arte e criatividade, ecologia, fé e cultura, e espiritualidade). Serão finalmente experiências de fé, não só pelas eucaristias e orações diárias mas também pela “tomada de consciência” ao final de cada dia que os participantes, em pequenos círculos de partilha (os “círculos MAGIS”), serão convidados a fazer: “Onde esteve Deus presente no meu dia de hoje? Que alegrias Lhe agradeço? Onde não respondi aos Seus apelos, onde houve desânimo e menor entrega?”.

Padre Filipe Martins, sj

http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?&id=86709

O barco encontrava-se já a várias centenas de metros da terra,
açoitado pelas ondas, pois o vento era contrário.
De madrugada, Jesus foi ter com eles,
caminhando sobre o mar.
Mt 14, 22

Flashmob@Magis – dançando pela “Estrada da Alegria”

Ontem depois da missa, alguns Magis, surpreenderam todos os outros com um Flashmob, mesmo ali, na praça de Loyola!
Pelas fotografias "postadas" sente-se o contágio que começa nos que dançam e arrasta quem não dança mas também caminha pela mesma "estrada da alegria"

Lembrei-me então de rezar:
"Faz-nos trilhar, Senhor, a Estrada da Alegria.

 No simples, no próximo, no escondido da vida
ajuda-nos a ouvir a pequena sinfonia da alegria e abrir,com solenidade, para ela as portas indecisas do tempo que corre.
Só quem saboreia as pequenas alegrias se dá verdadeiramente conta das grandes.

Só quem rejubila com a alegria dos outros percebe que ela é em cada um de nós uma onda puríssima que se expande.
Ajuda-nos a inscrever a alegria como tarefa e, ao mesmo tempo, a mantermo-nos disponíveis para o modo surpreendente e gratuito da sua vida."

Jose Tolentino de Mendonça in Um Deus que dança.

AMDG! @ MAG+S

A Companhia de Jesus e outras instituições religiosas, em colaboração com leigos de espiritualidade inaciana de todo o mundo, convidam-nos a encontrar Cristo no meio da nossa realidade.

Esta iniciativa teve o seu início em 1997 (Jornadas Mundiais da Juventude de Paris). Em 2005, em Colónia, chamou-se MAGIS pela primeira vez. Em 2008 celebrou-se em Sidney, e no ano de 2011 será celebrada em Madrid, nos dias prévios às Jornadas Mundiais da Juventude. O tema deste MAGIS será “com Cristo no coração do mundo.”

Para além dos jesuítas, estão envolvidas outras congregações religiosas como as Escravas do Sagrado Coração de Jesus, o Instituto das Irmãs de Santa Doroteia, as Filhas do Coração de Maria, as Religiosas do Sagrado Coração de Maria, as Religiosas de Jesus Maria, a Companhia de Maria, as Religiosas da Assunção, as Missionárias Xaverianas, as Filhas de São José, as Carmelitas da Caridade, as Religiosas do Santo Anjo, as Religiosas do Sagrado Coração de Jesus; e também movimentos de leigos como as CVX, a rede Inygo e outras redes inacianas e grupos MAGIS.

Existe un grupo coordenador do MAGIS que começou a trabalhar em Setembro de 2009, com um responsável por cada província jesuítica de Espanha e Portugal. Por sua vez, existem contactos MAGIS en cada um dos países participantes.

http://www.magis2011.org/ppal/index.asp?op=1&lg=3

À procura de Deus

“Tenho andado à procura de Deus desde que me consigo lembrar, por muitas e muitas vidas, desde o princípio da existência. De vez em quando, eu via-O junto a uma estrela distante, e regozijei-me de alegria e dancei essa distância, pois embora grande, não era impossível de alcançar. E assim viajei e alcancei a estrela; mas ao tempo que a alcancei, Deus já se tinha mudado para outra estrela. E assim tem continuado desde há séculos.

O desafio é tão grande que eu continuo com esperança contra todas as probabilidades ... Eu tenho que O encontrar, estou tão absorvido pela procura. A própria procura é tão intrigante, tão misteriosa, tão encantadora, que Deus passou a ser quase uma desculpa - a procura passou a ser ela própria o objectivo.

E para minha surpresa, um dia alcancei uma casa numa estrela distante com um sinal pequenino à frente a dizer: “Esta é a casa de Deus”. A minha alegria era sem limites, finalmente eu tinha chegado! Comecei por apressar o passo, e subir os degraus, muitos degraus, que me conduziam à porta da casa. Mas à medida que ia chegando mais perto e mais perto da casa, um medo surgiu no meu coração. E assim que ia bater à porta, fiquei paralisado com um medo que nunca tinha sentido, com que nunca tinha pensado, com nunca tinha sonhado. O medo era:

Se esta é a casa de Deus, então, o que farei depois de O ter encontrado?

Peguei nos meus sapatos com as mãos, silenciosamente, e muito devagar, recuei, com medo que Deus pudesse ouvir o barulho e pudesse abrir a porta e dissesse “Aonde vais? Eu estou aqui, entra!”. E assim que cheguei aos degraus, fugi, como nunca tinha fugido antes, e desde então, tenho estado novamente na busca de Deus, procurando por Ele em todas as direcções e evitando a casa onde Ele realmente vive. Agora eu sei que a casa era para ser evitada. E continuo a procura, gozando a própria viagem, a própria peregrinação.”

Rabindranath Tagore

[Fonte: Rabindranath Tagore; http://www.spiritual-short-stories.com/spiritual-short-story-252-Searching+for+God.html]

Rabindranath Tagore (7 de maio de 1861 - 7 de agosto de 1941), alcunha Gurudev, foi um polímata bengali. Como poeta, romancista, músico e dramaturgo, reformulou a literatura e a música bengali no final do século XIX e início do século XX. Como autor de Gitanjali e seus "versos profundamente sensíveis, frescos e belos" sendo o primeiro não-europeu a conquistar, em 1913, o Nobel de Literatura,[2] Tagore foi talvez a figura literária mais importante da literatura bengali. Foi um destacado representante da cultura hindu, cuja influência e popularidade internacional talvez só poderia ser comparada com a de Gandhi, a quem Tagore chamava 'Mahatma' devido a sua profunda admiração por ele. Tagore foi talvez o único que escreveu hinos de dois países: Bangladesh e Índia: Hino nacional de Bangladesh e Jana Gana Mana. in WIKIPEDIA