Dança, tudo dança.
O movimento da vida é um baile sagrado onde cada passo é único e singular, cujo cenário por excelência é o coração. Não há dança sem bailarinos e não há baile sem alegria de viver. Dançar é permitir que a emoção se mova e que a energia estremeça construindo silhuetas e formas que se desfazem assim que são traçadas.
A dança é o quadro que se desenha sobre a tela do espaço, com os pincéis dos braços, das pernas e dos dedos A dança é uma escultura modelada à base de olhares, de caricias e de sorrisos, esculpidos com os pincéis da música.
A dança é a escultura que modela o corpo humano dinamizado pelo espírito que o habita, é a arquitectura em movimento, edifícios que se desprendem para se encontrarem e gerarem paisagens de beleza. A dança é a música que se escuta pelos olhos, movimento habitado, presença consciente, presente absoluto, presente para quem a executa e para quem contempla.
Dançar é mover a energia, movermos, rejuvenescermos, recrearmos e curarmos. A dança é curativa enquanto convite a fluir, a deixarmos levar e porquanto nos aligeira dos pesados fardos que carregamos.
É preciso recuperar a dança como ritual quotidiano, como movimento doméstico e como festa ordinária.
Nas casas e nas escolas dança-se pouco. É um outro modo de dizer que são espaços em que falta vida e alegria e nos quais a rotina minou o espírito festivo. Não se trata só de incorporar a dança como uma actividade, mas sim de entender que ensinar é fazer bailar as letras, os números, as ideias e as palavras no coração de uma criança para que ali possam ser acolhidas como celebração e exaltação da Vida que somos.
Educar é traçar coreografias de luz e de energia no cenário sagrado que é o coração humano, é fazer dançar os valores humanos que nos fazem divinos, é dançar com o outro, junto ao outro e, sobretudo, com o interior de si mesmo.
José María Toro