Maio de 2014
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A celebração da Páscoa do Senhor foi o grande acontecimento dos últimos dias. Jesus sofreu, foi morto e ressuscitou. É esta a grande alegria que nos anima, é esta certeza que nos conduz.
No primeiro encontro com as mulheres, depois da Sua ressurreição, é o Mestre que lhes (nos) diz: “Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão.”
Foi também este desafio que nos levou a Fátima, em Assembleia Nacional, para descobrir a nova Galileia onde nos é pedido que anunciemos aos irmãos que Jesus está vivo e que nele encontramos a salvação.
O tema proposto não podia estar mais de acordo com esta mensagem de Jesus: “ Chamados às Fronteiras, Aprofundando a nossa Vocação”. É à Galileia de hoje que Jesus nos envia e é lá que teremos de ajudar a implantar o Seu Reino. Reino de paz e justiça, reino de vida e verdade, reino que já começou e que não terá fim.
E foi neste espírito que todos nós, em representação da Comunidade CVX de Portugal, procuramos discernir onde somos enviados. Do resultado deste discernimento dá conta o Documento Final, oportunamente enviado a todos.
Mas o mais impressionante daqueles dias foi participar numa imensa reunião em que, como depois ressaltou nas avaliações, independentemente das opiniões diversas de cada um, todos procuravam encontrar o caminho a seguir, criticando ideias mas nunca pessoas, no verdadeiro amor de irmãos.
É certo que teremos, provavelmente, para o futuro, de rever a forma como se desenrola a Assembleia. Mas apenas porque somos uma Comunidade em expansão e o número dos representantes cresce. E nem isto é novo. O Vaticano II não funcionou certamente do mesmo modo que o Concílio de Jerusalém…
“Não temais”, disse-nos Jesus. Por isso, partamos para a Galileia, para as fronteiras a que hoje somos chamados onde, conforme Ele nos prometeu, “lá o veremos”.
A Equipa Regional
XI Assembleia Nacional CVX Portugal
A XI Assembleia Nacional da CVX Portugal teve lugar em Fátima – 27 a 30 de Março - sob o tema “Chamados às Fronteiras – aprofundando a nossa vocação” em linha com o tema central da última Assembleia Mundial realizada no Líbano.
Conduzidos pela divina orientação do Espírito Santo, a comunidade rezou muito e debateu aquilo que são as nossas raízes e fronteiras, as especificidades da vida laical em CVX, e de que forma devemos trabalhar de forma a sermos mais fiéis a esta nossa vocação, que serviram de guião para a produção do documento final.
Durante a Assembleia Nacional também tivemos oportunidade de comemorar o Dia Mundial CVX que contou com a adesão de diversos membros das comunidades regionais e destaca-se o facto de ter sido um dia de muita festa, vivido com grande entusiasmo! Este dia viu a “passagem de pasta” para a missão de Assistente Nacional CVX e também contou com um filme preparado em jeito de comemoração dos 40 anos da CVX em Portugal.
Foram 3 dias de muito entusiasmo, alegria, oração e trabalho que culminaram com a aprovação do documento final - que irá servir de fio condutor à acção da nossa comunidade para os próximos 3 anos - e da eleição da nova equipa nacional!
Quisemos ouvir quem lá esteve e partilhar com a comunidade as perspectivas, anseios e desejos de quem vive a CVX de forma tão comprometida.
TESTEMUNHOS
- Raquel Rei (Romanos 8): A AN foi o momento de, simultaneamente, ouvir e construir a comunidade CVX-P. Ouvir as diferentes vozes, os diferentes desejos, as diferentes sensibilidades… e perceber que somos todos membros de um só corpo, que somos companheiros de caminho.
Como novo membro da EN, aquilo que mais me tocou foram os desafios lançados para os próximos anos. Gostaria que a nova equipa conseguisse estar à altura da herança destes 40 anos de História da CVX em Portugal e do trabalho das equipas anteriores e, simultaneamente, aceitasse reequacionar tudo, aceitasse testar cada opção no crisol do “é isto que mais nos aproxima do fim para que fomos criados”. Enfim… há que ser ambicioso!
- Nuno Sacadura Botte (Perdidos & Achados): A AN veio na continuidade da Assembleia Mundial (AM) de 2013, beneficiando dos textos que dela emanaram, assim como da recente EXORTAÇÃO APOSTÓLICA do papa FRANCISCO. Relemos a história da CVX em PORTUGAL e constatámos o enorme crescimento, a um ritmo crescente, da nossa comunidade nos últimos anos. À volta de campos de missão e fronteiras, antecipámos o futuro com ambições e sonhos para a CVX-P.
Para o nosso mandato, as minhas perspetivas já estão muito influenciadas pelo trabalho que temos tido ao longo deste mês. A EQUIPA é iluminadíssima, está muito entrosada e sente-se desafiada a ir de encontro às recomendações da AN, com muito amor, de forma criativa, inovadora, sempre inclusiva e a mais parecida possível com a de JESUS. De entre as recomendações do DOCUMENTO FINAL a minha sensibilidade vai muito para as necessidades de formação e para a sintonia com o nosso ASSISTENTE MUNDIAL, no que respeita ao apostolado da intelectualidade contra a globalização da superficialidade. Passando, ainda, pela presença na fronteira dos divorciados e dos recasados.
- João Frade (H2Ora): Passado algum tempo sobre a Assembleia Nacional (AN), a "poeira assentou" no que diz respeito a um momento intenso em CVX. Pediram-me para a reler e de seguida perspectivar o futuro, agora como membro da equipa de serviço nacional...
Olhando para trás, recordo o ter estado presente como elemento da equipa de preparação e o esforço que (todos) colocámos para que a AN corresse como o Espírito mais nos inspirasse. Recordo uma Assembleia variada, composta por gente acabada de chegar à CVX e por gente já segura de que esta é a sua forma de estar em Igreja; recordo momentos de grande familiaridade e de descoberta acerca da CVX; recordo muitas sensibilidades diferentes, próprias de todos que se sentem tocados de maneiras muito diferentes; recordo momentos de grande intimidade no Senhor, próprios de verdadeiros companheiros de caminho; recordo momentos de tensão, motivados por gente empenhada no trabalho proposto. Mas fundamentalmente recordo honestidade e sinceridade, que fui "vendo" em quem falava, em quem ouvia e em quem se preocupava em coordenar. Confesso que não regressei da AN muito preocupado com os frutos da mesma e o que se pretende de nós (CVX-P) no futuro: estou convicto de que o Senhor se encarregará de o mostrar, assim estejamos "atentos"!
Ainda assim, e por tudo o que vivemos, destaco duas certezas quanto ao trabalho futuro.
Em primeiro ligar, contribuir para crescermos como Comunidade Nacional e para aprofundarmos a consciência de sermos CVX. Isto implicará um esforço de formação de todos e (muito particularmente) de quem está há menos tempo em CVX. Só seremos eficazes no papel que o Senhor nos confia neste mundo se a mensagem que é nossa responsabilidade passar estiver presente e for bem entendida por todos... só fazendo com que cada elemento CVX sinta a CVX como o seu lugar na Igreja trará sentido a cada solicitação nossa, seja para a participação activa no seu grupo, para a frequência de um Curso CVX ou até para a co-responsabilidade financeira.
Em segundo lugar, a necessidade de comunicarmos melhor entre nós. Foi evidente para mim a necessidade de estarmos mais próximos... Uma melhor comunicação permitirá esclarecer conceitos e modos de agir, corrigir mal-entendidos e superar dificuldades, ao mesmo tempo que potenciará o que de melhor temos em cada região e em cada grupo. Isto implica um grande desafio, não só porque haverá que fortalecer as formas como já o fazemos (ao mesmo tempo que inventamos outras) mas também porque teremos de motivar outros a colaborar connosco e entre si.
Talvez a vontade antiga de formar redes apostólicas seja uma maneira eficaz de "pôr as mãos na massa" e colocar tudo isto em prática. Sem certezas finais, confio que o Senhor se encarregará de nos dar, a todos, a criatividade e um coração aberto para caminharmos juntos!
- Catarina Baptista (Lux): Na Assembleia Nacional vivi momentos muito consoladores: conheci muita gente nova na CVX, muita gente já com muitos anos de CVX e revi muitos dos que mais habitualmente encontro na CVX. Na diversidade de expectativas, personalidades e desejos de cada um, o Espírito Santo soprou durante os 4 dias e conduziu-nos à unidade. Unidos rezámos, discernimos e encontrámos um caminho que agora começa até à próxima Assembleia Nacional. Destaco aqui a presença silenciosa, mas simultaneamente reconciliadora, pacificadora e construtiva do nosso novo Assistente Nacional, o nosso querido Padre Sérgio.
- Francisco Malta Romeiras (CVXIL): Sendo o primeiro ano em que participei, gostava de salientar que me impressionou bastante a intensidade com que os delegados dos vários grupos viveram a Assembleia Nacional. Esta intensidade transpareceu no ânimo e na confusão dos debates, nas discussões em pequenos grupos e, sobretudo, nos grandes acontecimentos: nas missas, na eleição da equipa nacional e no Dia Nacional da CVX, que foi um dos pontos mais altos do fim-de-semana. Para mim, continua a ser surpreendente perceber como é que se constituiu, e continua a constituir, uma comunidade nacional CVX a partir de pequenos grupos disseminados por várias regiões em Portugal.
Este sentimento de comunidade alargada, em que se incluem grupos e pessoas tão diferentes que, por vezes, "só" têm em comum o desejo de seguir Jesus, de encontrar Deus em todas as coisas, e de o servir em comunidade, com o auxílio da Espiritualidade Inaciana, foi, para mim, um dos sentimentos mais consoladores deste fim-de-semana. Talvez por ser um sentimento que apontava constantemente para a universalidade da Igreja Católica de uma forma muito concreta.
- Carlota Ferreira da Silva (Mas Alla): A Assembleia foi para mim um testemunho de Comunidade e uma oportunidade de fazer parte do trabalho do Espírito Santo.
Participantes da XI Assembleia Nacional da CVX Portugal
DIZ-ME POR ONDE ANDAS
Recomendado por Carmo Fraga (CIAO)
O maior sinal de todos os tempos
Glória, gozo, consolação, alegria, paz! Não temer, enxugar as lágrimas, ir a correr anunciar aos que tinham perdido a esperança, aos que estavam fechados em casa por medo! A ressurreição de Jesus convida-nos a uma alegria não menor que a do seu nascimento. Na verdade, não são duas senão a mesma alegria. Pertencem ao mesmo mistério que na ressurreição revela todo o seu sentido. Um sentido pleno, que se comunica, como alegria e paz do ressuscitado, mas para o qual, ao mesmo tempo, da nossa parte sentimos grande dificuldade em encontrar as palavras justas. Santo Inácio diria que se descobre “pelos verdadeiros e santíssimos efeitos dela [ressurreição]” (Exercícios Espirituais 223). Essa é a tarefa fundamental, que cada um abra a sua vida à alegria e à paz de Jesus ressuscitado. Não há melhor forma (quem sabe, nem há outra forma) de chegar a entender este mistério. Ainda assim, tentaremos dizer algo do que, desde essa experiência, a fé da Igreja formula sobre a ressurreição.
Porque se há-de entender o mistério pascal como um todo, cabe começar por afirmar, como ponto de partida, o paradoxo: em Jesus, Deus morre realmente. Ou se quisermos, em formulação mais suave, experimenta realmente a morte. Não o Pai, nem o Espírito Santo, mas o Filho, que das três pessoas de Deus é a que se faz homem em Jesus Cristo. Enquanto Filho de Deus, Verbo Eterno desde sempre, Jesus não passou “olimpicamente” pela morte. A encarnação de Deus assume toda a nossa humanidade, as suas potências e a sua debilidade. Só deste modo a salva inteiramente. Assume, assim, também a morte da natureza humana, sofrendo-a na sua pessoa divina. Até aí chega o desejo de Deus de estar connosco em tudo o que é humanidade. Como pode, então, ressuscitar aquele que sofre realmente a morte, aquele que estando morto nada pode? Não se trata, como um pensamento filosófico grego levaria a pensar, da existência, em Jesus ou em nós, na humanidade, de uma imortalidade escondida na alma humana. Trata-se, sim, da acção de Deus que, segundo a esperança judia desde o século II a. C., deseja manter a comunhão com os justos depois da morte. "No entanto", perguntavam-se os mesmos judeus, "quem é justo aos olhos de Deus?". Em Jesus surge verdadeiramente o Justo diante de Deus. E é o Pai que o ressuscita, é por dom do Pai que o Filho se ergue da morte experimentada. O próprio texto bíblico o expressa. Os verbos gregos usados na redacção original dos evangelhos para referir-se à ressurreição – anístemi e egeíro – têm sentido de “levantar”, “despertar”. Ao serem aplicados a Jesus na sua ressurreição, são usados gramaticalmente em passiva divina, uma voz passiva sem agente explícito que significa, na literatura do Novo Testamento, uma acção realizada por Deus. Acompanha também frequentemente estes verbos a fórmula “de entre os mortos”, significando precisamente que é de uma morte real que Jesus é erguido à vida pelo Pai.
A ressurreição de Jesus é também um sinal aos nossos olhos. É a confirmação e legitimação de Jesus ao ser levantado de entre os mortos por Deus. É a declaração por parte de Deus, no maior sinal de todos os tempos, de que tudo o que fez e disse era santo e verdadeiro. O próprio Jesus aparece como o santo e o verdadeiro. E desse aparecer, das aparições aos seus discípulos, nasce o anúncio que configurará a Igreja como mais que um grupo de admiradores de Jesus: torna-se uma comunidade de crentes no Cristo ressuscitado.
É sinal também da razão da nossa esperança. Com a ressurreição de Jesus começa algo novo. São-nos conhecidas as expressões “Ele é o primogénito”, “primícia de muitos”, “segundo Adão”, “cabeça de uma nova humanidade”. No seu erguer-se “de entre os mortos” tem o seu fundamento a esperança na nossa própria ressurreição. No Justo somos justificados. A todos os que conheceram a morte chega o dom do Pai de se erguerem com o Filho, na força do Espírito Santo. A nossa ressurreição futura, que se formula no Novo Testamento com os mesmos verbos, será análoga à de Jesus. Seremos erguidos da morte à semelhança do Cristo, pela sua justiça.
Partindo desta esperança, fundada neste sinal maior, S. Inácio propõe-nos pedir “graça para me alegrar e gozar intensamente de tanta glória e gozo de Cristo Nosso Senhor” (Exercícios Espirituais 221). Nesta Páscoa, visite-nos o Senhor com essa graça do Ressuscitado.
DIZ-ME O QUE LÊS
Recomendado por Zé Maria de Azeredo (Abba)
Ervamoira, de Suzanne Chantal
Este belíssimo romance (histórico) acompanha a história de cinco gerações de uma família, entre 1809 e 1967, e do seu amor e dedicação às vinhas do Alto Douro e ao negócio do Vinho do Porto. Dos salões de baile parisienses aos duros e abafados socalcos do vale do Douro em pleno estio, passando pela 'mui nobre e sempre invicta cidade', é uma história em que - mesmo não se falando abertamente de Deus -, percebemos que na dedicação e cuidado que esta família dedica à 'sua' vinha, nas diferentes atribulações e celebrações que as diversas gerações vão enfrentando, e na forma como estas vão encarando as rupturas e inovações de cada época, há uma constância e uma forma de Deus estar serenamente presente, distribuindo sinais de esperança e convidando-nos sucessivamente a viver e sermos felizes.
Historicamente irrepreensível, belissimamente bem escrito, é um livro deliciso para as tardes soalheiras de fim-de-semana que se avizinham. Mas desde já se adverte quem se o aventure a ler: rapidamente sentirá um desejo inadiável de viajar pelo vale do Douro, ou acompanhar a leitura com esse 'néctar' que a Graça de Deus e o labor do homem extraem deste 'terroir' único no Mundo.
ORAÇÃO NA CIDADE
4ªs feiras entre as 13:10 e as 13:30 / Capela das Irmãs Franciscanas Missionárias, Rua Chaby Pinheiro - Campo Pequeno
5ªsfeiras, entre as 13:10 e as 13:30 / Capela do Centro Comercial das Amoreiras
e-mail: oclx@googlegroups.com / blog: oclx.wordpress.com / facebook: Oração na Cidade
A NÃO PERDER
1 de Junho de 2014, às 16h30m
Conferência do Padre Geral Adolfo Nicolás – “A Colaboração no centro da Missão”
Local: Auditório do Colégio S. João de Brito, em Lisboa
22 de Junho de 2014
Encontro de Fim de Ano CVX
Local: Casa de Exercícios de Santo Inácio, no Rodízio