Qual deles?

A propósito do Evangelho de hoje lembrei uma história que li há dias na net, de autor desconhecido. Adaptei-a e traduzi-a livremente , deixo-a em jeito de partilha...

O superior de um outrora famoso mosteiro andava profundamente perturbado. Os monges desleixaram-se nas suas práticas, os noviços partiam e os leigos apoiavam outros centros. Viajou então para um local longínquo para encontrar um sábio de que lhe tinham falado, a quem contou a sua aflição e o quanto gostaria que o seu mosteiro voltasse a ser o que já fora nos dias de grande esplendor.
O sábio olhou-o nos olhos e disse: A razão pela qual o vosso mosteiro se desleixou é porque Jesus está a viver convosco mas disfarçado e não foram capazes de O tratar como deviam.
O superior apressou-se a regressar. A sua cabeça estava uma confusão...
O próprio Jesus estava no seu mosteiro? Como era possível? Seria o irmão Nuno?... Nã... esse era um preguiçoso sem tamanho.... Seria o irmão Miguel? Também não... esse era muito aborrecido.... Mas ao mesmo tempo sabia que ele estava disfarçado... que melhor disfarce do que preguiçoso ou aborrecido?
Quando chegou, chamou os monges e revelou-lhes o que o sábio tinha dito. Também eles ficaram perplexos e entreolharam-se desconfiados.
Qual deles seria Jesus?
O disfarce era perfeito!
Não sabendo qual deles era, passaram a tratar-se como se cada um fosse o próprio Jesus. As suas caras transformaram-se por completo, passando a ostentar um sorriso que reflectia um brilho interior que atraía os noviços e depois os leigos.
Em menos de nada, o mosteiro ultrapassou a sua antiga glória.

"Este é o meu servo, a quem eu escolhi, o meu predilecto, no qual tenho a maior satisfação.
Porei nele o meu Espírito e ele anunciará a minha vontade aos povos.
Não criará conflitos nem gritará, nem fará ouvir a sua voz nas ruas.
Não quebrará a cana pisada, nem apagará o pavio que ainda fumega, até que a minha vontade vença.
É nele que os povos hão-de pôr a sua esperança."

Mt12, 16-21

Onde está o Wally?

Onde está o Wally?

Adora e confia!

Não te preocupes com as dificuldades da vida,
com os seus altos e baixos, as suas desilusões,
pelo futuro mais ou menos sombrio.
Quer o que Deus quer.
Oferecer no meio das preocupações e dificuldades
o sacrifício da tua alma simples, que apesar de tudo
aceita os desígnios da Sua providência.
Pouco importa se te consideras um frustrado
se Deus te considera plenamente realizado, ao Seu gosto.
Perde-te, confiando cegamente, nesse Deus  que te quer exactamente assim.
E que virá a ti, mesmo que O não vejas.
Pensa que estás nas Suas mãos, tanto mais fortemente agarrado quanto mais apático e triste estiveres.
Vive feliz. Imploro-te. Vive em paz.
Que nada te possa perturbar.
Que nada te consiga tirar a tua paz.
Nem a fadiga mental. Nem as falhas morais.
Faz com que brote, e mantém-no sempre no teu rosto, um sorriso doce, reflexo daquele que o Senhor te dirige continuamente.
E no fundo da tua alma coloca, em primeiro lugar,
como fonte de energia e critério de verdade,
tudo aquilo que te enche da paz de Deus.
Lembra-te: tudo aquilo que te deprima e inquiete é falso.

Isto te asseguro em nome das leis da vida e das promessas de Deus.
Portanto, quando te sintas desolado, triste, adora e confia.

Teilhard de Chardin

Por vezes, dou comigo a querer perguntar a Deus…

A tua caminhada

(À Maria)

Tua caminhada ainda não terminou....
A realidade te acolhe
dizendo que pela frente
o horizonte da vida necessita
de tuas palavras
e do teu silêncio.

Se amanhã sentires saudades,
lembra-te da fantasia e
sonha com tua próxima vitória.
Vitória que todas as armas do mundo
jamais conseguirão obter,
porque é uma vitória que surge da paz
e não do ressentimento.

É certo que irás encontrar situações
tempestuosas novamente,
mas haverá de ver sempre
o lado bom da chuva que cai
e não a faceta do raio que destrói.

Tu és jovem.
Atender a quem te chama é belo,
lutar por quem te rejeita
é quase chegar a perfeição.
A juventude precisa de sonhos
e se nutrir de lembranças,
assim como o leito dos rios
precisa da água que rola
e o coração necessita de afeto.

Não faças do amanhã
o sinônimo de nunca,
nem o ontem te seja o mesmo
que nunca mais.
Teus passos ficaram.
Olhes para trás...
mas vá em frente
pois há muitos que precisam
que chegues para poderem seguir-te.

- Charles Chaplin - 

Imaginemos a história como uma piada cósmica…

Uma vez, um cientista descreveu-me os electrões à “moda da joaninha”. Insistiu que  a realidade tal como a percebemos está interligada de uma forma espantosa. Os electrões nas extremidades do universo vibram em uníssono entre eles. “Isto é de tal maneira verdadeiro, dizia ele, que não podemos compreender nada por si só, mas unicamente na ligação entre si.

Todas as coisas estão em ligação com todas as outras duma certa forma. E cada pessoa está ligada a todas as outras, no passado, presente e futuro. Isto significa que só quando o último de nós chegar lá acima é que vamos compreender a plena história da humanidade. Temos que imaginar a história como uma piada cósmica: quando contamos uma anedota, as pessoas estão curiosas. Interrogam-se como é que vai acabar. Só riem no auge da história, quando se revela o fim.”

Temos, então, que ser pacientes perante a história da humanidade. Deus existe, é certo, mas também existe um mal pavoroso. Deus trabalha no meio do mal para retirar dele o Bem. Através dum olhar de fé, a Paixão ilustra esta realidade. A sexta-feira mais horrível da humanidade transforma-se na Sexta-feira Santa graças ao amor que daí emana. Esse amor rasga o círculo mortífero do mal, do pecado e da morte, para conduzir ao mundo de Deus, um mundo novo de liberdade e de amor.

No final, veremos como o amor transformou todo o mal, todos os sofrimentos e as tragédias da nossa história. Só então se revelará a alegria, a alegria mais pura e libertadora que existe. À cabeça deste júbilo universal, estarão as três Pessoas divinas, que sempre terão desejado que as coisas acabem bem e que trabalharam arduamente para chegar a este resultado. “Felizes os que choram porque serão consolados” (Lc 6, 21).

in Lugar Sagrado ("Para ler e rezar esta semana")

“BENDITAS SEJAM AS HISTÓRIAS”

Hoje cruzei-me com este poema... e numa semana em que já o Pe Alberto Brito nos chamava a atenção sobre diálogos de esperança, fez-me sentido a sua leitura, primeira e segunda, a terceira também, para saborear a benção dos recomeços, e ainda uma quarta para brindar a todas as vidas que por estas alturas recomeçam, porque todas estas se baseiam em histórias verdadeiras.

BENDITAS SEJAM AS HISTÓRIAS

Benditas sejam as histórias do princípio de tudo
porque são limpas e são puras como mel
e como a água que a palavra perfeita converte
em leite ou em espuma na boca atónica dos crentes.
Benditas sejam, para sempre, as histórias
que me fizeram acreditar na bondade dos homens
antes que a vida me tivesse conduzido
ao mais absoluto desengano.
Eu já tive a idade das histórias quer ouvia contar,
das que viviam fora dos livros,
das que corporizavam no ar os duendes e as fadas,
das que me faziam acreditar que podia ser eterno
como os príncipes entronizados no cume das lendas,
belos como cascatas refrescando a erva.
Benditas sejam, para sempre, as histórias,
mesmo as que ninguém me chegou a contar,
mas que eu inventei com o fascinado engenho
de uma infância debruada a ouro nos esconderijos
da fala que silêncio algum ousou vencer.

jOSÉ JORGE LETRIA, in PRODUTO INTERNO LÍRICO

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