O convite veio primeiro por mensagem (“Ma’am we will be celebrating
Independence Day…”) Depois pelo correio, impresso, oficial, colorido, nos
seus dizeres bilingues: “Pilipinas, Perlas ng Silanganan…” As “Pérolas do
Oriente” festejavam o Dia da sua Independência, e uma amiga de há anos,
apoio imprescindível nas lides domésticas do outro lado do mundo, propunha
missa, seguida de diversas actividades culturais promovidas pela Comunidade
Filipina em Lisboa. Desafiei os meus compadres, queridos amigos e membros
da mesma CVX. Esquecendo – como pude? ... – o “detalhe” de a minha
comadre ser…Espanhola! Por me saber convalescente, e por isso incapacitada
para conduzir sentiu-se na obrigação de me levar (ajudar um membro da
nossa CVX era um dos pontos do TPC nesses 15 dias!!) – e, ai!, que eu
nem sabia bem o caminho… De modo que lá fomos, dando voltas e voltas
para chegar ao destino, sob o peso da ignomínia do meu convite: “sabe
de quem “eles” se tornaram independentes, não sabe? ...” – não podia ser
maior o meu embaraço, e nem tantos e tão longos anos de amizade ibérica
desculpavam semelhante desatenção… Por fim, entre os cânticos e a liturgia
quase toda em Tagalog - e pese embora se entreouvisse na homilia alguma
referência aos “conquistadores”… (de entre as palavras que a língua indígena
importou do Castelhano) – não pudemos deixar de nos maravilhar - de novo!
- com a universalidade da Sua Igreja. Casais e famílias nos seus trajes de
cerimónia, para nós tão exóticos como o tom da sua pele, rezando e cantando
com candura e devoção ao mesmo Senhor Nosso Deus... Viemos em paz,
com o sinal da cruz da bênção final a sublinhar a radical novidade da Trindade
também nessas longínquas Pérolas do Oriente – “Sa ngalan ng Ama, at ng
Anak, at ng Espiritu Santo”.
Lisboa, 20 de Junho de 2012
Concha Balcão Reis da CVX ABBA