Sou, como a maior parte dos leigos, esquiva a formular votos, a desvelar a profundidade das minhas convicções, a proclamar responsabilidades assumidas, a celebrar compromissos. Não sei se é por considerar que isso está exclusivamente associado a grupos com quem até podemos simpatizar mas que consideramos diferentes, de quem estamos distantes. Ainda assim, ou talvez por intuir que a distância pode ser reduzida por pontes, que compartimentar é diferente de cruzar, e que nem todas as fórmulas são meras burocracias, antes podem ser meios de maior vínculo entre intenção e acção, decidi-me a realizar o compromisso temporário e a partilhar as minhas reflexões sobre isso.
No próximo dia 27, no Rodízio, vou fazer o compromisso porque:
- Marcar com sinais exteriores o desejo de caminhar no sentido do Reino pode ajudar outros a reflectir, a questionar-se, a buscar conhecer melhor o significado eclesial da CVX. Mais do que manifestar o sentimento de maior pertença, é proclamar o gosto de pertencer a uma comunidade que de algum modo me foi apontada, sugerida, confirmada por alguém ou “alguéns” muito relevantes na minha vida.
- Quero assumir o papel de Andre(ia) e de Filipe(a) que manifestam a convicção de ter encontrado o Jesus que lhes é próximo, a linguagem que melhor os conduz ao Messias, às afirmações que dele faz a Igreja.
- Quero confirmar, junto de um grupo mais alargado, que estou em busca de um magis, desejosa de trabalhar na construção do Reino como apóstola e profeta.
- Quero manifestar uma “determinação deliberada” em direcção a um estilo de vida apostólico, embora consciente de uma pequenez apenas desejosa de quebrar fronteiras, de ampliar horizontes, de fermentar a massa, de ser semente de mostarda e sal na terra, em suma, de ser uma testemunha mais convincente.
- Quero tentar passar a etapa de um envolvimento individual para um envolvimento mais comunitário no sentido de uma melhor identificação do que é mais urgente e mais universal.
- Quero afirmar a minha disponibilidade para colaborar com outros dispostos a uma obediência laical, isto é, numa fidelidade e perseverança vividas no quadro de um corpo apostólico.
E se é opinião de Stº Inácio que “o voto confirma mais o bom propósito e faz alcançar maior graça” então talvez estas intenções subjacentes à decisão de um compromisso, ainda que temporário (para antecipar o sabor do definitivo), possam beneficiar de uma ajuda especial e benevolente.
É que, sem isso, não é nada fácil concretizá-las!
Dirce (ABBA)