Encontrar Deus em todas as coisas

 

Eu sinto que vem do Céu...

Pietro Perugino: O batismo de Cristo, ca. 1481-83. Capela Sistina

 

Há umas semanas atrás, num fim-de-semana de EE, quando estávamos a escolher os cânticos para a missa, reparei que estava no cancioneiro uma letra que foi escrita originalmente por um primo meu, o Gonçalo, cuja mãe é peruana, a letra foi escrita para o seu casamento, com uma melodia de uma música tradicional peruana. Na versão original, apenas tinha 6 linhas a letra, e era repetida duas vezes. Reparei, como já tinha reparado outras vezes...
Com o tempo, e porque de facto a música é muito bonita, publicaram-se em vários cancioneiros a  música, sem nunca referir o seu autor, o que não tinha grande mal, porque aqui ninguém pretende reivindicar direitos de autor nem royalties, mas foram-lhe acrescentados uns versos, dos quais o Gonçalo nunca gostou e sobretudo que não faziam muito sentido, à luz do espirito da música original.
Porque de facto acho a música muito bonita, e porque a versão original é muito mais bonita que aquela que consta dos cancioneiros, aqui ficam a totalidade dos versos, escritos pelo seu autor, e agora completos por ocasião do baptizado do nosso sobrinho Simão.

Espero que gostem, como eu gosto, e que todos consigamos sentir esta brisa, este sopro leve...

EU SINTO QUE VEM DO CÉU

I
Eu sinto que vem do Céu um sopro leve
Um vento quente que nos aquece,
Um sopro vivo que vem de Deus

Um vento que acalma o ser e envolve a alma
Do mesmo modo que o mar se acalma
Logo que as ondas se vão deitar

II
Eu sinto descer do Céu um amor imenso
A luz Divina, um fogo intenso
A chama viva do Amor de Deus

Um Amor que nos transforma e alumia
Tal como a noite dá vez ao dia
E no Sol  se esconde a Luz do Luar

III
Eu sinto que vem do Céu uma Paz serena
E que em minha alma se faz terrena
E traz aos Homens o Dom de Deus

O Dom da Paz que vemos numa criança
Entregue ao sono quando descansa
Enquanto sonha com o acordar

IV
Eu sinto descer do Céu toda a Esperança
Que me consome na confiança
De contemplar o Senhor Meu Deus

A Fé que sinto viva em cada dia,
Enche o meu canto desta Alegria,
Vibra nas notas do meu cantar

Eu sinto que vem do Céu...

Gonçalo Sarávia
19.10.2011

A todos uma semana cheia de Deus!

 

 

Amazing Grace.

Há letras que definitivamente não ficam bem na nossa língua, por não terem a métrica adequada ou a doçura que a melodia requer. No entanto, muitas delas valem a pena ser lidas em momentos de calma e silêncio, seja na língua original, seja na nossa... e em silêncio as notas musicais ecoam na nossa cabeça naturalmente.

Falamos muitas vezes de espiritualidades... a nossa, a Inaciana, é o nosso caminho... mas outras há, diferentes, tão boas também, mais ajustadas a outros, como caminho. No vídeo que convosco partilho, fala-se de espiritualidades que para mim eram desconhecidas... segmentam-se espiritualidades negras para um lado e brancas para outro... não se pode dizer que es

Há notas que caem do céu... outras há, que lá chegam...

teja errado no seu todo, mas impressiona-me a distinção e o que lhe está subjacente... há ainda muito caminho pela frente, até que as “notas negras” tenham para alguns o mesmo "som" das “notas brancas”. Por isso, de “Amazing Grace” a letra é de John Newton, mas a melodia é de autor desconhecido...

Vale a pena ver...

http://www.youtube.com/watch?v=Uv2TUYTRbVU

Amazing Grace

Amazing grace how sweet the sound
That saved a wretch like me
I once was lost but now I'm found
Was blind but now I see

'T was grace that taught my heart to fear
And grace my fears relieved
How precious did that grace appear
The hour I first believed

My chains are gone, I'v been set free
My God, My Savior, has ransom me
And Like of flood, His mercy rains
Unending love
Amazing Grace

The Lord has promised good to me
His word my hope secures
He will my shield, my portion be
As long as life endures

My chains are gone, I'v been set free
My God, My Savior, has ransomed me
And like of flood, His mercy rains
Unending love
Amazing Grace

The earth shall soon dissolve like snow
The sun forbear to shine
But God, Who called me here below
Will be forever mine
Will be forever mine
You are forever mine

A canção Lógica

Quando eu era criança

A vida parecia maravilhosa
Um milagre, tão bonita, mágica
E todos os pássaros nas árvores
Cantavam felizes
Alegres, brincalhões, observavam-me...

Então, fui mandado para longe.
Para me ensinarem a ser sensato
Lógico, responsável, prático
Mostraram-me então um mundo
Onde poderia ser muito dependente
Doentio, intelectual, cínico

Às vezes, quando o mundo inteiro dorme
As questões continuam profundas demais
Para um homem tão simples.
Por favor, diz-me o que aprendemos
Eu sei que soa absurdo
Mas, por favor, diz-me quem sou eu.

Agora: cuidado com o que se diz
Ou chamam-me radical
Um liberal, fanático, criminoso
Assina o seu nome?
Gostaríamos de sentir que é
Aceitável, respeitável, apresentável, um vegetal!

À noite, quando o mundo inteiro dorme,
As questões continuam profundas demais
Para um homem tão simples
Por favor, diz-me o que aprendemos
Eu sei que soa absurdo
Mas, por favor, diz-me quem sou eu.

Supertramp - The Logical Song

http://www.youtube.com/watch?v=LpBso3kGdBc

À ida vão a chorar,
carregando e lançando as sementes;
no regresso cantam de alegria,
transportando os feixes de espigas. Sl126, 6

Ofertório de um búzio e uma estrela 

Tenho andado a pensar o que oferece quem oferece búzios /e estrelas...

Há uns tempos pediram-me uma oração sobre esse tema... pois era o mote para a Primeira Comunhão de uns meninos.

Ao pegarmos numa estrela, porque ela tem uma forma tão desenhada, tão curiosa, se a tentarmos sentir, verdadeiramente, imensas sensações podem ser descritas, porque a estrela não se movimenta muito por si própria, mas transmite muito movimento a quem a rodeia e desloca-se ao sabor da corrente...

Já os búzios, trazem com eles o mar... se os quisermos ouvir, ouvimos o mar... qualquer mar... ouvimos também os temporais, as tempestades, o vento, as ondas, as correntes, e todos os sons que no mar existem.

Por isso, a oração de quem oferece búzios e estrelas deve sempre contemplar todos estes aspectos.

Assim, cheguei à minha oração:

Senhor,
Aceita este búzio, que traz com ele tudo o que ouvimos,
o mar,
a tempestade e a bonança,
o vento, e a calmaria,
as ondas, as grandes e as pequenas,
as correntes e as marés e todos os sons que podemos ouvir.
Aceita também esta estrela,
que é do mar, que é da terra e também do céu,
e com ela todos os sonhos dos nossos filhos,
aceita a estrela que quando sentida, nos lembra os desenhos dos nossos meninos,
a sua curiosidade e a sua vontade de crescer.
Aceita, Senhor, a estrela e o búzio, como símbolo dessa vontade de crescer conTigo,
de conTigo ultrapassar as tempestades da vida, e com a Tua força resistir aos ventos e às marés que os assombrem, e assim alcançarem a Tua bonança e o Teu ritmo, como opção de vida, que hoje aqui começa.
Com Maria, Oremos ao Senhor.

“LA ESTANCIA CHAPEL”

Bunker Arquitectura (BNKR)  é um atelier de arquitectura autor da “La Estancia Chapel”, a sua primeira obra religiosa, uma capela situada em Cuernavaca, México.

A capela apenas possui uma membrana finíssima e translúcida entre o que ocorre dentro e fora dela, em que toda a envolvente vegetação e ambiente estão omnipresentes, criando uma sensação de que a capela é um ninho no meio da beleza que a rodeia. As lâminas cristalinas seriam os pauzinhos que compõem esse ninho, protegido de tudo pelas enormes árvores que o circundam e amparam.

 

A capela foi concebida expressamente como um diálogo íntimo entre o seu interior (espaço criado pelo homem, espaço aberto fisica e simbolicamente) e o exterior, que é Deus e a Sua Criação. A penas um véu que se deixa abrir pelo vento, separa ambos. A capela está rodeada por uma espécie de dedos cruzados de cristal e ar, sendo um elogio a cada ser humano: entre o interior e o exterior de cada um de nós.

A noite e o dia parecem dois momentos de um diálogo: de noite a capela fala, de dia a capela escuta.

O chão e o tecto voltam a ser dois momentos do mesmo diálogo, apenas separados por essas tiras cristalinas que parecem poder quebrar a qualquer momento. Lembram a distância entre céu e terra...

E finalmente a cruz, como o elemento que une todas as facetas do diálogo e se apresenta como um abraço entre todos, que acolhe céu e terra, interior e exterior.

A capela é quase uma tese sobre o nascimento do humano, que conhece a sua realidade e é capaz de saber-se qualitativamente distinto do resto do Universo, mas que também sabe que o que o que lhe dá autonomia e identidade é essa intangível realidade da sua consciência, da sua alma e do seu amor ao próximo .

(fonte: El cuaderno del Ciclope)

SER PARÓQUIA

Hoje acordei com vontade de perceber o que é ser paróquia... de rezar um bocadinho este tema...por várias vezes oiço dizer que pertencemos à paróquia X, por isso devemos adaptar-nos ao que nos é imposto pela Paróquia...

PARÓQUIA, tornou-se um palavrão.... uma palavra tão carregada, tão pesada que nos cai sobre os ombros qual fardo sem tamanho, e que nem sabemos bem o que é...

Procurei, então, a sua definição:

“Paróquia é o território e a população que está subordinada eclesiasticamente a um pároco; na Igreja Católica, parte de uma diocese que possui a sua própria igreja; a comunidade que se reúne nessa igreja; os membros da paróquia; a região geográfica abrangida por essa Igreja.”

Assim, partindo da sua definição, concluímos que a Paróquia é uma comunidade da Diocese entregue aos cuidados pastorais de um padre que recebe o título de pároco. O Pároco deve trabalhar em comunhão com o Bispo diocesano no sentido ascendente e com os seus paroquianos, no sentido descendente... mas sempre com uma entrega fraterna de quem é irmão, igual e par...

A Paróquia é sobretudo o seio em que os cristãos são gerados para a Fé, é um espaço para crer, é o lugar onde nos tornamos cristãos… é o modo mais comum de viver o Evangelho.

A Paróquia é suposto ser o lugar onde recebemos a Fé, onde alimentamos a Fé com a Palavra de Deus e a Eucaristia, onde fazemos a nossa primeira experiência de conviver com os irmãos em Cristo. A Paróquia é o primeiro bocadinho da “Terra Prometida” que pisamos. As ruas que nela percorremos durante a vida, formarão o longo caminho que nos leva até à porta do Céu. A Paróquia é, acima de tudo, a Família de Deus, onde fazemos a experiência de viver a fraternidade animada pelo Espírito da unidade. É a “Casa da família acolhedora e fraterna” (CL.26).

Então, "O que faz uma paróquia é a corresponsabilidade dos seus membros" - D. Albino Cleto

Em primeiro lugar,tem de haver pároco, em segundo tem de haver fiéis!

Em terceiro, tem haver fiéis leigos dispostos a assumir as suas responsabilidades e sacerdotes dispostos a dar-lhes o que eles tem direito!

E em quarto, que todos se sintam co-responsáveis, cada um segundo a sua condição e as suas capacidades, para assumirem as suas obrigações no campo da evangelização, do culto e da caridade.

Será que muitas terras que, hoje, são paróquias têm as condições mínimas para continuarem a existir como paróquias?

Ao longo da História:

Paróquia, define-a o Direito Canónico, é a comunidade dos fiéis submetida ao pároco, ou por outra, é o território sobre o qual se estende a jurisdição do pároco.

Nos primeiros séculos da Igreja não existiam paróquias; existiam apenas os Bispados ou Dioceses administradas pessoalmente pelos Bispos, legítimos sucessores dos Apóstolos.

Assim, podemos dizer que cada diocese constituía uma única paróquia cuja matriz era a catedral, única Igreja, então, que possuía a pia baptismal. Os Bispos, nas suas catedrais, cercavam-se de sacerdotes auxiliares para o serviço do culto e administração dos sacramentos.

Com a propagação da fé, formaram-se núcleos numerosos de fiéis nas grandes cidades e nas aldeias. Daí, a necessidade de se construírem templos para comodidade desses fiéis, que nem sempre podiam recorrer facilmente ao Bispo devido à distância que os separava da sede diocesana.

Para essas igrejas, os Bispos enviavam sacerdotes, por turno, para fazerem o serviço ministerial, regressando depois à sede do Bispado. Nas igrejas rurais porém, forçoso foi confiar-se a sacerdotes determinados a sua administração marcando-lhes um território ou comarca, para o exercício da sua jurisdição. Esse território ou comarca é o que chamamos hoje de “paróquia”.

Pelos fins do século IV é que apareceram as primeiras paróquias em Itália e em Alexandria. Santo Athanasio, na sua segunda Apologia, diz que no seu tempo havia dez igrejas paroquiais em Maréctis da Diocese de Alexandria.

A paróquia é, portanto, uma instituição venerada pela sua antiguidade. Ela está para o reino espiritual que chamamos Igreja, como as comarcas civis estão para a nação: é a célula viva do organismo da Igreja; é a família espiritual que, unida a outras, forma a sociedade espiritual.

Ora, as paróquias têm como missão prolongar para as diversas comunidades "a presença e a acção evangelizadora de Cristo" (Puebla, 224), já que são "formadas à imagem da Igreja universal nas quais e, a partir das quais, existe uma só e única Igreja Católica" (Lumen gentium, 23).

A Paróquia é chamada a viver o dinamismo de comunhão-missão, "a comunhão e a missão estão profundamente unidas entre si; compenetram-se e implicam-se mutuamente, ao ponto de a comunhão representar, ao mesmo tempo, a fonte e o fruto da missão... sempre é o único e idêntico Espírito que convoca e une a Igreja e que a envia a pregar o Evangelho até os confins da terra" (Christifidelis laici, 32).

A Paróquia, conforme o seu ser e a sua missão, por congregar o povo de Deus de um lugar ou região, deverá conhecer de perto a vida, cultura, os problemas dos seus integrantes e é chamada a gerar ali, com todas as suas forças, sob a acção do Espírito, a nova evangelização, a promoção humana, a interculturação da fé (cf. Redemptoris missio, 54).

A paróquia, comunidade de comunidades e movimentos, deve acolher as angústias e esperanças dos homens, deve animar e orientar a comunhão, participação e missão. "Não é principalmente uma estrutura, um território, um edifício, é a família de Deus, como uma fraternidade animada pelo Espírito de unidade"... "A paróquia funda-se sobre uma realidade teológica porque ela é uma comunidade eucarística"... "A paróquia é comunidade de fé, e uma comunidade orgânica... na qual o pároco, que representa o bispo diocesano, é o vínculo hierárquico com toda a Igreja particular" (Christifideles laici, 26).

Se a paróquia é a Igreja que se encontra entre as casas dos homens, ela vive e trabalha profundamente inserida na sociedade humana e intimamente solidária com suas aspirações e dificuldades.

A paróquia tem a missão de evangelizar, de celebrar a liturgia, de fomentar a promoção humana, de fazer progredir a interculturação da fé nas famílias, nos grupos e movimentos apostólicos, e através deles, em toda a sociedade. A paróquia, comunhão orgânica e missionária, é assim uma rede de comunidades.

Mas ainda é lento o processo de renovação da paróquia nos seus agentes de pastoral e na participação dos fiéis leigos.

É urgente e indispensável dar solução às interrogações que se colocam às paróquias urbanas, para que estas possam responder aos desafios da nova evangelização. Há desfasamento claro entre o ritmo da vida moderna e os critérios que ordinariamente animam a paróquia.

Parece então urgente por em prática grandes linhas de orientação no sentido de renovar as paróquias a partir de estruturas que permitam sectorizar a pastoral, mediante pequenas comunidades eclesiais nas quais apareça a responsabilidade dos fiéis leigos, não fazendo sentido paróquias gigantescas, desestruturadas, com grande falta de contacto entre a população fiel e o seu pároco.

Mas é também importante qualificar a formação e participação dos leigos, capacitando-os para encarnar o Evangelho nas situações específicas onde vivem ou actuam, para que não exijam demasiado do pároco sem qualquer mais valia.

Nas paróquias urbanas, por serem muito maiores e envolverem um grande anonimato de fiéis com gaps socio-economico e culturais de grande dimensão, devem ser privilegiados planos de conjunto em áreas homogéneas para organizar serviços ágeis que facilitem esta nova evangelização.

É imperioso que rapidamente se renove a capacidade de acolhimento e dinamismo missionário dos fiéis de forma a multiplicar a presença física da paróquia,  mediante a criação de capelas e pequenas comunidades.

Só o sentimento de pertença a estas pequenas comunidades permite uma integração/incorporação numa comunidade maior, que pode ser a Paróquia. Impor estruturas gigantescas, por divisão administrativa, em que párocos não têm mãos a medir nem omnipresença suficiente, gera normalmente um vazio, e proliferam os desistentes! Com alguma razão...

Fontes: wikipédia, oocities.org, worldpress.com

"ESTIVE LÁ!"

 "Estes dias resultaram numa grande confirmação da minha fé, num desmontar de ideias pré-concebidas acerca de um homem que teve a coragem de herdar um legado imenso e, por isso, pernicioso, simultaneamente.
Mas aquela bondade genuína e aquele olhar doce e timidamente agradecido, quebraram corações, muralhas, barreiras no meu coração.
Fiquei como que viciada nele! Acompanhei todas as cerimónias que me foi possível acompanhar, vivi-as como se estivesse presente e, na sexta-feira, instalou-se uma nostalgia típica de quem se despede de um ente que não conhecia propriamente e que, em poucos dias se soube dar a conhecer, respeitar e amar.
Sinto-me muito agradecida por ter participado um pouco desta vinda, de dizer com orgulho "ESTIVE LÁ!".
Sobretudo, dou graças por o meu coração ter ficado profundamente tocado por este Papa e pela sua expressão doce e bondosa.

Obrigada Bento XVI!!"

Susana Pereira (Sal da Terra)