Os nossos princípios gerais, especificamente o PG.10, situam o ser membro da CVX como uma verdadeira vocação pessoal. Ser membro da CVX é o resultado de um processo de discernimento e de um compromisso vivo e genuíno com a comunidade (desde o pequeno grupo e/ou comunidade local, até à comunidade nacional e mundial), entendida como o grande Corpo Apostólico que significa a CVX, e o nosso “estilo de vida” (PG:12)
No dia mundial da CVX 2012, somos convidados todos, comunidades e amigos próximos, a reconhecer como o compromisso dentro da CVX, os pilares de formação, apostolado e espiritualidade, a co-responsabilidade financeira, e tudo o que vivemos dentro da comunidade se integram dentro do que significa ser membro da CVX.
O problema da compreensão do “ser membro” hoje
O tema da participação, ser membro de algum corpo, está marcado nos nossos dias pelas estruturas humanas (sociais, económicas, políticas e culturais) que imperam no mundo de hoje. Na maioria dos casos, ser membro, é entendido como a pertença a grupos formais que se tornam em espaços isolados ou diferenciados, de maneira a que possamos assumir a nossa identidade, a diferença dos outros, incluindo negando-os.
O ser membro de, desta perspectiva actual, geralmente estabelece distâncias entre pessoas, em muitas ocasiões, fá-lo em virtude do que se possui a nível material ou de relações (ex. clubes, grupos ou associações de elites exclusivas que se reconhecem por uma superioridade económica, intelectual ou social). Noutros casos constroem-se espaços de pertença em função de diferenças culturais, de origem, de crença, ou outras (ex.: grupos de identidade étnica, imigrantes que se articulam em função do seu sítio de origem, ou grupos religiosos que se fecham em si mesmos, para reforçar a sua identidade frente ao que é diferente). Como comunidade, somos também reflexo do nosso contexto e ao estar sob a influência das estruturas que nos rodeiam, é necessária uma paragem no caminho e perguntarmos como compreendemos e vivemos o sentido de ser membro da CVX no meio desta realidade. Somos convidados pelo EXCO a fazer uma pausa, um “momento de reflexão” com a seguinte pergunta:
Como me influenciaram as estruturas sociais, económicas, políticas e culturais para a minha compreensão do conceito de ser membro de um corpo, como pessoa, como cristão e como membro da CVX?
Outras perspectivas:
Uma visão que nos pode ajudar a compreender o sentido de ser membro é o que nos localiza como seres humanos com as nossas particularidades e diferenças, como reflexo do nosso conteto social e cultural, e por sua vez nos reconhece como membros todos de uma só família humana. Como CVX, isto permite-nos uma articulação com a nossa convicção de que somos todos filhos/as de um mesmo Deus que é sobretudo expressão do amor profundo pela sua criação, especialmente pelo homem e a mulher (Gn 2, 1-7). Deus deseja que o ser humano entenda o sentido da existência para que não esteja só e viva plenamente (Gn 2, 18-23).
Um exemplo que nos pode ajudar a compreender o ser membro de um corpo neste sentido, é o que se vive no espaço familiar. Da nossa perspectiva como CVX, a família é o espaço mais importante onde começa a verdadeira escola de fé, de dignidade e de recriação do Amor de Deus entre os seus membros e para toda a humanidade, sobretudo os mais excluídos e vulneráveis (PG.4). A família deve ser vista mais além da mera consanguinidade, mas sim a partir do sentido de comunidade de vida, de onde nos sentimos membros porque esta se torna uma referência de confiança, convivência e acompanhamento da vida quotidiana. A família torna-se o espaço de intimidade que permite a profundidade do encontro a partir de um amor sério, profundo e responsável. Também é um espaço de procriação da vida em sentido amplo,isto é, como reprodução do género humano, mas também como sustento, orientação e no sentido de construir uma sociedade a partir do compromisso. É o espaço onde se vive de maneira solidária a satisfação das necessidades de realização pessoal incluindo as económicas. Tudo isto em volta do eixo da vivência espiritual como elemento integrador de toda a experiência familiar.
Pistas desta nossa fé para compreender o ser membro da CVX.
- Todos ficarão cheios do Espírito Santo (Act 2, 1-11). O ser membro da CVX começa com a certeza da força viva de um Deus que enche as nossas vidas. i.é, reconhecemos a presença amorosa do Espírito que nos leva a constatar que o amor de Deus é uma força transformadora que nos sustenta ao longo das nossas vidas. A nossa identidade sustenta-se da certeza de que Deus habita em nós apesar dos nossos limites, e que pelo seu Amor somos chamados a fazer parte desta grande comunidade de homens e mulheres que dão testemunho dele. (PG 2).
- Vejam como se amam! Os crentes viviam unidos e tinham tudo em comum, distribuíam entre todos segundo a necessidade de cada um (Act 1, 42-47). A nossa vivência de Deus tem também um modelo que se refere à constatação de que Deus mesmo se fez um de nós. A encarnação de Jesus é o elemento chave da nossa vocação como cristãos, e como membros da CVX. É a partir desta realidade que assumimos o sentido de ser comunidade, mais além de formalismos, é visível pelo amor profundo, o compromisso, a solidariedade e o acompanhamento de uns a outros, que se constata a nossa vivencia comunitária (PG. 7).
- O Senhor enviou-os a dois e dois: “A messe é grande mas os trabalhadores são poucos” Lc 10, 1-5). Portanto o sentido de ser membro CVX, tece-se a partir de (a)da identidade que nos dá a certeza do Espírito de Deus em nós, (b) afirma-se a partir da expressão comunitária de solidariedade e fraternidade amorosa, (c) necessariamente deve concretizar-se no sentido de missão que nos leva ao encontro das necessidades mais urgentes do nosso mundo. O ser membro é o compromisso concreto de sair ao encontro dos mais empobrecidos. Cristo envia-nos em comunidade a trabalhar pela construção do Seu reino. Então, a necessidade de estruturas, processos de indução, toda a nossa formação e qualquer expressão de processos para integrarmos a CVX devem orientar-se sempre para a missão e compromisso com a realidade (PG. 8). Só assim nos vamos fazendo “membros” plenos.
Neste momento convidamos a comunidade a fazer um “Segundo momento de reflexão” em torno das seguintes perguntas:
a)Qual foi a minha experiência de descoberta de um Deus amoroso e a força do seu Espirito na minha vida como cristão e como membro da CVX?
b)Quais foram as minhas vivências mais significativas de encontro em comunidade (de solidariedade e de fraternidade) que temos vivido dentro da CVX?
c)Como temos respondido ao compromisso apostólico com os mais pobres como membros da CVX enviados à missão de construir o reino?
Como entendemos, então, o sentido de ser membro CVX a partir destras três pistas?
(Recolher as reflexões, noticias e fotos da celebração e enviá-las para o EXCO e elaborar um documento com os testemunhos das comunidades locais.)
Em jeito de despedida damos graças a Maria, nossa mãe pelo seu testemunho vivo do que significa ser membro de forma valente, gratuita e amorosa. O seu exemplo permite-nos viver paulatinamente o processo para uma pertença mais plena como membros da CVX em toda a sua amplitude. O seu testemunho confirma o horizonte claro de que isto nos permitirá viver mais profundamente o nosso compromisso como Corpo Apostólico Mundial
Mauricio López Oropesa/ Consultor
Lois Campbel /Consultora