Uma vez, um cientista descreveu-me os electrões à “moda da joaninha”. Insistiu que a realidade tal como a percebemos está interligada de uma forma espantosa. Os electrões nas extremidades do universo vibram em uníssono entre eles. “Isto é de tal maneira verdadeiro, dizia ele, que não podemos compreender nada por si só, mas unicamente na ligação entre si.
Todas as coisas estão em ligação com todas as outras duma certa forma. E cada pessoa está ligada a todas as outras, no passado, presente e futuro. Isto significa que só quando o último de nós chegar lá acima é que vamos compreender a plena história da humanidade. Temos que imaginar a história como uma piada cósmica: quando contamos uma anedota, as pessoas estão curiosas. Interrogam-se como é que vai acabar. Só riem no auge da história, quando se revela o fim.”
Temos, então, que ser pacientes perante a história da humanidade. Deus existe, é certo, mas também existe um mal pavoroso. Deus trabalha no meio do mal para retirar dele o Bem. Através dum olhar de fé, a Paixão ilustra esta realidade. A sexta-feira mais horrível da humanidade transforma-se na Sexta-feira Santa graças ao amor que daí emana. Esse amor rasga o círculo mortífero do mal, do pecado e da morte, para conduzir ao mundo de Deus, um mundo novo de liberdade e de amor.
No final, veremos como o amor transformou todo o mal, todos os sofrimentos e as tragédias da nossa história. Só então se revelará a alegria, a alegria mais pura e libertadora que existe. À cabeça deste júbilo universal, estarão as três Pessoas divinas, que sempre terão desejado que as coisas acabem bem e que trabalharam arduamente para chegar a este resultado. “Felizes os que choram porque serão consolados” (Lc 6, 21).
in Lugar Sagrado ("Para ler e rezar esta semana")